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segunda-feira, 6 de maio de 2013

DOM MARCELO CANTA O SALMO 66 NA IGREJA MATRIZ DE AREIA BRANCA

Ontem, 05/05/2013, Dom Marcelo cantou o Salmo 66 (Que as nações Vos glorifiquem, ó Senhor) na Igreja Matriz de Arreia. Escute até o fim e verá como foi bonito.




Que as nações vos glorifiquem, ó Senhor,*
que todas as nações vos glorifiquem!

Que Deus nos dê a sua graça e sua bênção,*
e sua face resplandeça sobre nós!
Que na terra se conheça o seu caminho*
e a sua salvação por entre os povos...

Exulte de alegria a terra inteira,*
pois julgais o universo com justiça;
os povos governais com retidão,*
e guiais, em toda a terra, as nações.

Que as nações vos glorifiquem, ó Senhor,*
que todas as nações vos glorifiquem!
Que o Senhor e nosso Deus nos abençoe,*
e o respeitem os confins de toda a terra!

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

UM PASSEIO PELOS BECOS, RUAS E ESQUINAS DE CHICO DE NECO CARTEIRO




Domingo, 23 de dezembro. Estamos às portas do Natal, tempo de extrema importância para o mundo cristão. Época de confraternização, de rever os amigos e compartilhar o que há de bom na vida. Evidentemente, um bom vinho também faz parte desse contexto. É que o vinho não se resume em si mesmo; ele também é o momento. Mas, não estive por aí em nenhum restaurante, adega ou coisas do gênero; e, muito menos, em algum evento do tipo natalino. Também, não é que não tenha, dias atrás, participado das tradicionais festas deste período. Simplesmente fiz algo um pouco diferente do que habitualmente tenho feito. Visitei um novo velho amigo. Ou seria um velho amigo novo? Não importa. Um grande amigo. Foi Francisco Rodrigues da Costa, nosso Chico de Neco Carteiro, o escritor que 
“se muere por” Areia Branca, sua terra de nascimento. Não se pode negar que ele é enamorado por ela. Não é todo mundo, afinal, que se encanta somente em olhar o Ivipanim, rio que banha a cidade. “... de repente estamos na Rua da Frente. Maré cheia, linda de encher os olhos...”, é como Chico se refere a ele, o rio, na crônica “Um passeio agradável”, de sua mais recente publicação: Becos, Ruas e Esquinas.


Na chegada à casa do escritor, em Mossoró, ele me recebeu como um nobre. Não eu! Ele é quem parecia um nobre, tamanha era sua gentileza, uma mescla de cortesia e simplicidade. Até pensei que, se o Rio Grande do Norte fosse uma monarquia, Chico poderia ser chamado de Dom Francisco, do Condado de Areia Branca. Foi apenas um ligeiro pensamento, surgiu do nada, mas bem que poderia ser verdade.

Chico de Neco Carteiro
Há dois anos, quando esse filho do antigo Carteiro areia-branquense lançou seu terceiro livro, Caminhos de Recordações, comentei num artigo que sua narrativa, a escrita, lavava-nos de volta pelo tempo, fazendo-nos vivenciar, em carne e osso, tudo que ele nos contava. Pois, numa conversa descontraída, como a de domingo, percebia-se o quão é surpreendente como suas palavras, as faladas, fazem-nos sentir a mesma coisa, principalmente em certos momentos quando Chico parece transpirar saudade. Aliás, foi num minuto desses que, falando sobre as antigas barcaças e os barcaceiros de Areia Branca, o escritor se emocionou ao dizer, como também diz numa crônica com o mesmo tema, que nas suas “... veias em vez de sangue parece correr saudade...”. E houve um instante em que, eu mesmo, parecia ver-me sentado na velha Rua do Meio, entre as casas de Caboclo Lúcio e Manoel Bento. É o transcendentalismo que Francisco Rodrigues nos faz experimentar com suas histórias.

Logo ficou claro que o assunto principal seria seu novo livro. E perguntei-lhe se estava feliz com esse trabalho. Na sua timidez, Francisco Rodrigues disse que gostou muito e, buscando as palavras de Orlando Silva, grande cantor da época de sua juventude, completou, dizendo: “... mas os outros é que vão dizer se o livro é bom ou não”. Eu, particularmente, vejo em Becos, Ruas e Esquinas o mesmo encanto das obras anteriores. Melhor dizendo, Chico evoluiu em estilo. Até mesmo quando trata de temas como os velhos prostíbulos, ele não perde a leveza de sua narrativa. “... A penumbra no quarto bem arrumado. A mesinha e, sobre ela, a bacia. A jarra com água, o sabonete, a toalha. Tudo bem preparado para o asseio depois dos minutos de satisfação...”, assim o escritor descreve, na crônica Alto Louvor, um quarto dos antigos cabarés. E sobre as mulheres, as prostitutas que viviam por lá, ele diz que elas “... alegravam as noitadas do ambiente condenado pela Igreja e pela sociedade. Lugar que todos condenam e ninguém destrói...”.

Enfim, eu poderia ter ido apreciar, noutros lugares, um Carmenère, vinho aqui de perto, do Chile. Ou um Tannat uruguaio. Quem sabe um Malbec, de Mendoza, na Argentina. Ou até mesmo um espanhol, da uva Tempranillo. Ou qualquer outro. Mas inventei de fazer um passeio pelos Becos, Ruas e Esquinas de Chico de Neco Carteiro. E valeu a pena.  Afinal, como bem diz o nosso escritor, se o poeta português Fernando Pessoa não esqueceria sua Lisboa encantadora, resguardadas as devidas proporções, por que nós, aqui, haveríamos de esquecer Areia Branca?

Para o próximo encontro, levarei o vinho...