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sábado, 8 de outubro de 2011

A COMPETÊNCIA COMO CONDIÇÃO PARA SOBREVIVER NA POLÍTICA AREIA-BRANQUENSE

Seria antidemocrática a ausência de uma estrutura de oposição? Vejamos. Levando-se em conta que a Liberdade está no centro do conceito de Democracia, a resposta, obviamente, é não.

Dizer-se, ainda que indiretamente,  que é obrigatório existir um sistema oposicionista ou blocos de direita, esquerda e de centro para que se possa considerar um contexto como democrático é completamente incoerente e paradoxal, visto que, na Democracia, não pode haver imposições. Ninguém é obrigado a ser oposicionista e, muito menos, da situação. A escolha de ser um ou outro é livre, independente do que motivar a preferência. No mundo democrático, tudo é resultado da Liberdade.

No entanto, a livre escolha de ser e manter-se como oposição ou situação exige, indiscutivelmente, a capacidade de ser competente. Sem competência, não é possível existir na Democracia. E o reflexo disso no contexto político de Areia Branca é que, se teorias de observadores do cenário local de hoje identificam uma candidatura governista com um poder sobreposto a qualquer outra, o pragmatismo sinaliza para a oposição que, naturalmente, é preciso competência para reverter tal situação. Na Política, não há lugar para habilidades medianas.

O atual bloco situacionista já foi oposição por 18 anos e nunca esteve à mercê de sucumbir. Ao contrário, conseguiu progressivamente aumentar a sua força até que, em 1996, os tentáculos do governismo da época, até então invencíveis, não foram suficientes para evitar a derrota. Aliás, das quatro vitórias consecutivas do atual grupo da situação, duas foram contra candidaturas governistas. A primeira, como já mencionado, em 1996, e a segunda, em 2004.

Os atuais oposicionistas já tiveram duas oportunidades de voltar ao Poder em 2004 e 2007. Ainda assim, não conseguiram transformar essa posição, que observadores consideram privilegiada, numa vitória nas urnas. Na verdade, aconteceu o inverso, pois, em cada uma das duas vezes em que a oposição reassumiu o Poder, sofreu uma derrota maior. Nesses dois momentos, os polípodes tentaculares atribuídos ao governismo de então não foram suficientes para dissolver a vontade popular. É que o povo já havia feito uma avaliação da competência, dando preferência ao situacionismo de hoje. Assim, estar no Poder não é condição sine qua non para vencer. Há que ser competente. E o que parece curioso, mas que não é, e que, de fato, jamais poderia ser, é que tudo isso não se aplica apenas à esfera municipal. Como exemplo, basta que se observe o resultado das últimas eleições para o Governo do Estado no RN, quando a oposição obteve uma vitória esmagadora no primeiro turno sobre oito anos de governismo.

Mas, por que se está falando tanto em competência? Seria somente porque é sinônimo de habilidade e eficiência? Não, claro não. É muito mais que isso. Fala-se nela como a maneira mais eficiente de contrapor-se à corrupção. Note-se que o Souzismo, nesses mais de seis anos de eficiência administrativa no governo municipal de Areia Branca, nunca foi tachado de corrupto pelos órgãos fiscalizadores oficiais. E o resultado tem sido uma invencibilidade que se revela inacreditável. Nesse sentido, quando o artista Millôr Fernandes afirma que, "em nossos dias, o caminho mais curto entre a ideologia e o poder, é a corrupção”, logo nos vem à lembrança que a realidade areia-branquense nos mostra que, dentro da honestidade, há uma passagem direta ao poder: a competência.

Portanto, em nada resultará que observadores do cenário pré-eleitoral tentem colocar a culpa dos fracassos oposicionistas no contexto político atual, qualificando-o de antidemocrático. É preciso buscar novos caminhos, novas habilidades e novas estratégias para reverter esse quadro desfavorável. É preciso ser eficiente para ser oposição. E todos que quiserem sê-la e não se atentarem para tudo isso se afogarão no grande lago de competência que circunda o reino do governismo.

É isso.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

O MEMORIALISMO COMO NEGAÇÃO AO ENVELHECIMENTO


A literatura memorialista tem a tendência de recriar o passado como uma época melhor que a de hoje. E não haveria nenhum problema nisso se, praticamente, em todas as vezes, não fosse dito que o mundo de agora é sempre pior que o de antigamente.
Não se pode afirmar que tudo antes era melhor, simplesmente, porque um saudosismo profundo tomou conta de nossa alma, sobretudo quando, a todo instante, salta aos nossos olhos que os novos tempos é que transformaram a vida da humanidade, deixando-a melhor. Hoje as expectativas de vida são maiores, a mortalidade infantil, progressivamente, atinge níveis cada vez mais baixos, os meios de transporte e comunicações chegaram a um estágio tecnológico nunca antes imaginado e a medicina consegue curar inúmeras doenças que já foram uma condenação à morte. Mulheres, negros e grupos sociais, antes vítimas de preconceitos, jamais tiveram um grau tão alto de participação na cidadania e em todas as áreas da sociedade como agora.
Note-se que a pobreza sempre foi pobre, a violência, violenta e os solitários, sozinhos. Também, a tristeza nunca deixou de ser triste. Assim, temos que estabelecer parâmetros e fazer uma comparação fundamentada e racional antes de dar um veredicto e sentenciar o mundo do presente a ter o rótulo eterno de tempo ruim, pois, é fato evidente que, atualmente, tudo se nos revela melhor. E a única coisa que nos parece diferente disso somos nós mesmos, que envelhecemos. O envelhecimento, ou melhor, o seu efeito sobre nossas vidas, e sobre nossa própria estrutura organo-físico-química e psicossocial, tomando conta de nós, é que nos faz auto-avaliarmos como seres piores do que éramos antigamente. E isso nos toca agudamente sempre que lembramos e relembramos que o tempo não regressa e, por isso, de fato, nunca mais poderemos voltar a ser criança.
Portanto, memoriar é recordar épocas boas de quando éramos jovens e, simultaneamente, saber que tudo também teria sido bom, se tivéssemos vivido nossa juventude agora. É entender que querer voltar no tempo e não poder é um conflito psíquico que nos infringiria do mesmo jeito, se nossa velhice tivesse acontecido em nossos tempos de menino. Todos nós temos que nos adaptar às novas realidades de cada fase da vida para melhor aceitá-las. E sendo assim,  o envelhecimento é uma questão que devemos resolver conosco, de nós para nós mesmos, e deixar de colocar a culpa de tudo no mundo de hoje.

domingo, 11 de setembro de 2011

A POLITÍSSIMA DUALIDADE

As atuais oposições areia-branquenses dominaram a política local durante quatro mandatos consecutivos até que, em 1996, uma dupla apareceu para pôr um fim a dezoito anos dessa supremacia e dar início a um novo tempo. Era a vez de Souza e Bruno.

Desde então, na história política de Areia Branca, esses dois nomes vêm ocupando as posições de maior destaque. Bruno foi duas vezes prefeito e, agora, é vice de Souza. E este foi duas vezes vice de Bruno e, atualmente, está no segundo mandato como chefe do executivo municipal. Os bacuraus já não têm uma só cor. É que, entre eles, quem não é Souzista, é Brunista. Quem não veste amarelo, veste verde. Vive-se um dualismo.

O bacurau, portanto, deixou de existir como uma figura holística. Houve uma bipartição que gerou duas correntes dominantes e claramente perceptíveis no bloco governista: o Souzismo e o Brunismo. É certo que existem também alguns grupos pequenos, mas todos são agregados a um ou a outro desses sistemas maiores. O fato é tão evidente que se pode dizer que o eleitor não tem dado importância a qual sigla partidária têm pertencido esses dois líderes. E eles teriam vencido as últimas quatro eleições independentemente do partido a que estivessem filiados. Bruno, certamente, não teria perdido se não fosse do PMDB e, muito menos, Souza, se não fosse do PP. Os bacuraus de agora não votam mais em partido.

Não se está tratando aqui de falar de uma diarquia. Fala-se de uma preferência popular, pois tudo isso, na verdade, foi uma escolha do povo. Foi ele quem quis que fosse dessa forma. E continua querendo. Hoje o cidadão areia-branquense não consegue vislumbrar um comando situacionista em que não haja, nitidamente, um nome que represente Souza e outro, Bruno. E é exatamente por essa razão que os dois se têm mantido firmes na formação desse dueto vencedor. Como homens inteligentes, perceberam precocemente essa realidade. E não fizeram nada além de cumprir uma exigência da Política, que só se permite conduzir pela inteligência.

Assim sendo, no subconsciente popular do areia-branquense, não se vê uma candidatura de Bruno em 2012 sem um companheiro de chapa que demarque o terreno de Souza. E o inverso é verdadeiro. É uma dualidade necessária, um dogma político que os bacuraus exigem para continuar crendo que ainda podem sobreviver como um sistema uno.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

O PÔR DO SOL MAIS BONITO DO MUNDO

Pôr do Sol visto do Cais Tertuliano Fernandes em Areia Branca

Desde muito tempo, diz-se que o Pôr do Sol mais bonito do mundo é visto do Cais Tertuliano Fernandes ante os manguezais do Rio Ivipanim em Areia Branca.
Na época de ouro do comércio marítimo, trabalhadores do porto e marinheiros, na Rua da Frente, mesclavam-se com os admiradores do crepúsculo areia-branquense no final das tardes. Eram momentos de encontrar amigos, pensar na vida e apreciar os esplendores da Natureza. E assim, sob o sol poente da Terra das Salinas, nas calçadas do Cais, próximo ao antigo Tirol, muitas histórias se converteram em lendas, e estas, em histórias. Por lá, nasceram e morrem amores, comemorou-se sonhos realizados e, também, por tanto outros que não passaram de ilusões, muitas lágrimas caíram. Os passeios pela orla do Rio Ivipanim alimentaram viagens psicodélicas de boêmios, poetas e homens apaixonados. E tudo que se passava e que se via por ali era, na verdade, um retrato da gente de Areia Branca.

Antiga Praça do Pôr do Sol
E, por isso, a fama do romantismo e da beleza do arrebol vespertino areia-branquense, já naqueles tempos, estendeu-se além das fronteiras da Cidade. Virou moda passear pelo Porto à tarde. E de tal maneira isso se deu que o largo em frente do velho Tirol, até hoje, é conhecido como Praça do Pôr do Sol. De fato, poucos o conhecem como Praça Dix-Sept Rosado.
Lamentavelmente, caminhar à tardinha pela Rua da Frente, há mais de duas décadas, perdeu o charme e a elegância. Os tempos são outros. Pessoas sobrecarregadas pelo trabalho excessivo, adolescentes enamorados pelas tecnologias de informática e pela internet, e areia-branquenses novos sem o bairrismo dos mais velhos não se interessam em admirar as belezas que a Natureza deu à sua Terra. Desse modo, ao cair da noite, andar pelo Cais Tertuliano Fernandes, defronte à pracinha, é como atravessar uma planície vazia. Sente-se uma falta de tudo, de histórias e de lendas, de sonhos realizados e de ilusões, dos sorrisos e das lágrimas, e das viagens transcendentais dos boêmios, dos poetas e dos homens apaixonados.
Atual Praça do Pôr do Sol
Porém, naturalmente, o descer do astro-rei por trás dos mangues, visto do porto areia-branquense, continua lindo. E ninguém se arrependerá se, numa tarde qualquer, resolver ir ao Cais e contemplar a cena. O certo é que quem já foi vê-la, ou quem um dia for, toda vez que a vir novamente noutros lugares do Planeta, pensará, no mesmo instante, que um dia já assistiu, em Areia Branca, ao Pôr do Sol mais bonito do mundo.

domingo, 4 de setembro de 2011

terça-feira, 30 de agosto de 2011

CEMITÉRIOS, ARTES E AS BELEZAS NATURAIS DE AREIA BRANCA

Cemitério de Père Luchaise
Paris
Além de morada eterna, os cemitérios, há anos, têm sido verdadeiras galerias de arte relacionadas à arquitetura e à escultura. Aristocracias, burguesias, oligarquias e outras classes detentoras de dinheiro e poder transformaram túmulos e capelas em suntuosas estruturas, mostrando que, mesmo diante da morte, o luxo ainda se mantém como marca registrada de suas posições sociais. Os Campos Santos se converteram, dessa maneira, em necrópoles de ostentação. E essa necessidade humana de exibir magnificência ante corpos sem vida e já consumidos pela areia é fato notório em todos os lugares do mundo, desde os Cemitérios de Père Lachaise em Paris, de Highgate e de Kensal Green em Londres até os da Consolação em São Paulo e da Recoleta em Buenos Aires.


Cemitério da Consolação
São Paulo
Por aqui, nas Terras das Areias Brancas, ainda não se chegou a esse grau de exibicionismo. Talvez porque, até agora, não tenhamos acumulado riquezas e poder para tanto. Ou quem sabe pelo fato de que, simplesmente, sejamos um povo diferente. Seja por uma causa ou por outra, a realidade é que não temos uma dessas necrópoles em nossas planícies salgadas. Mas, não se sabe a razão, Deus tratou de recompensar-nos. Ele nos deu um Campo de Descanso Eterno de frente para o Oceano Atlântico. É o Cemitério de São Cristóvão, na zona rural areia-branquense.

Cemitério da Recoleta
Buenos Aires
No alto duma colina, com vista privilegiada dum extraordinário contraste entre o azul do mar do Nordeste Brasileiro e o do firmamento, a Morada dos Mortos em São Cristóvão muito mais parece um paraíso. Certamente, se pudessem, inúmeras celebridades históricas, enterradas nos lugares mais famosos do mundo, prefeririam jazer ali a dormir eternamente sob a tristeza de suas terras frias, cobertas de névoas e de céus nublados, contrastando com esculturas de cimento cinza-enegrecidas ou de cobre verde-azinhavre, símbolos da nostalgia.

O retrato de nossa pequena “Necrópole São-Cristovense”, pois,  é de alegria e de luz, reflexo de uma gente que gosta de viver e sentir o mundo da maneira mais pura. São pescadores, agricultores, carroceiros e outros tantos. Para eles, o destino cuidou de oferecer a suntuosidade dos belíssimos mares, terras e céus areia-branquenses.  Um luxo que a Natureza lhes deu e que, até hoje, nenhum aristocrata, burguês, oligarca ou qualquer outro dessas espécies pôde comprar para seus mortos.
 
À esquerda: vista à partir da Colina do Cemitério. À direita, o Cemitério de São Cristóvão.


E assim, ostentar a imponência de belezas naturais ante o sono eterno da morte, por enquanto, é um privilégio apenas do nosso povo e uma marca registrada de Areia Branca.

domingo, 21 de agosto de 2011

A VELHA CALÇADA DA ALFÂNDEGA


Calçada da Alfândega em foto recente.
O aspecto de foto antiga foi dado por computação gráfica.
Toda cidade tem seus pontos de encontro tradicionais, onde pessoas se reúnem para debater diversos temas. Normalmente, esses locais são cafés, bares, praças, mercearias de esquina e clubes. Mas, em Areia Branca, um desses lugares fugia do habitual. Era a Velha Calçada da Alfândega, ao lado do Mercado do Peixe, na Rua da Frente.
À tarde, quando se faziam as primeiras sombras, começavam a chegar os mais ansiosos apreciadores de uma boa conversa. Eram tempos áureos da vida marítima e da pesca artesanal areia-branquenses, quando barcaças de madeira, canoas e botes tinham um enorme peso na sustentação da economia local. E, ali, na velha Calçada, juntavam-se marinheiros, estivadores, comerciantes de pescado, donos de bote, marchantes, carpinteiros, calafates, pescadores, carroceiros e muitos outros. Falava-se de tudo, desde negócios, comércio, trabalho, política e esporte até o tamanho do maior peixe já fisgado. O debate poderia ser sobre coisa séria ou apenas por diversão. Não havia regra. E, na maioria das vezes, o resultado eram momentos agradáveis.
O principal coadjuvante ao bate papo era jogar dominó. E, às sombras do prédio da Alfândega, formaram-se muitos especialistas no assunto. Fazia-se platéia para assistir às partidas, com direito a gritos de guerra, a doses de cachaça ou a uma cerveja. O álcool, aliás, era outro adjunto do entretenimento. Ele foi, naquele local, o combustível de euforias e alegrias, mas, infelizmente, foi, também, a razão da destruição de muitos encéfalos e de muitos lares.
Dos banquinhos improvisados na Calçada com paralelepípedo ou tronco de madeira, viu-se passar o tempo em Areia Branca. Assistiu-se ao nascimento e à morte de muitas gerações, ao lançamento ao mar de muitas embarcações recém construídas e ao desaparecimento de outras tantas. Foi um lugar onde se formou e modificou-se opiniões e tendências, onde se viveu a mais pura essência de ser areia-branquense.
Calçada da Alfândega em foto recente.
Entre novos e antigos, mortos e vivos, e suplicando o perdão dos que não forem mencionados, pode-se citar que já estiveram por lá Manoel de Marina, Vicente Besouro, Chico Treme-Treme, Listinha, Luís Tavernad, Antonio Pedro Cuia, Mainha, Juninho de Mainha, Chico Cunha, Samboca, Budão, João das Cruas, Jessé, Zezinho irmão de Jessé, Camaleão, Gilberto de Manoel Cebola, Josias, Mariquita, Hermes Pescador, Orácio, Chico Antonio, Dedé Bocão, Matias Pescador, Dioclécio Pedreiro, Chico Ribeiro, Fernando Zulmira, Emídio Pescador, Chagas da Carroça, Zé de Marina, Marcílio de Manoel de Marina, Carlim Berrim, Carlim da Secretaria de Finanças, Zé Pirreta, Doloroso, Citonho e outros incontáveis e memoráveis.
Mas, inevitavelmente, os novos tempos transformaram a realidade de Areia Branca. A pesca artesanal se encontra em decadência. As alvarengas de madeira perderam o lugar para as modernas barcaças de ferro. A indústria salineira cresceu e tornou-se mecanizada. Reuniões e debates agora são feitos pela internet. Carpinteiros navais, calafates, estivadores, carroceiros e donos de bote estão em extinção. E hoje, por ali, na Velha Calçada da Alfândega, quase em ruínas, mesmo que ainda se veja um ou outro sentado, conversando, não é nada como antes. Aquela época de ouro, há anos, passou e, provavelmente, nunca voltará. Viverá apenas em nossas lembranças, alimentando nossas saudades.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

NAS FILEIRAS DO “EXÉRCITO DA ARTE”, CONHECI UM SOLDADO QUE NÃO SE RENDE


*Artigo de nossa autoria publicado no Blog Costa Branca News em 1º de agosto de 2010.
   

Genildo Costa
Ontem (sábado), 31 de julho de 2010, fui ao lançamento do Livro “A Saga da Poesia Sobrevivente”, do artista Genildo Costa, que ocorreu na Câmara Municipal de Areia Branca.

E lá, no mesmo instante em que assistia ao evento, fiquei, comigo mesmo, de mim para mim,  bem baixinho, só em pensamentos, dizendo que atualmente lançar um livro de poemas é uma aventura arriscada e corajosa. É ato que merece respeito. É ousar perpetuar o amor pela poesia num mundo alheio a ela. Um mundo em que a dimensão populacional alarmante, aliada ao avanço tecnológico e científico, exige das pessoas preparação, rapidez, habilidades e eficiência. Exige tanto que lhes rouba todo o tempo disponível, e não sobra nada para a arte.

A informática e as tecnologias ligadas à internet se tornaram recursos elementares do cotidiano. São instrumentos indispensáveis e fazem parte da instantaneidade da vida moderna, onde parece que não há mais espaço à apreciação do universo artístico, especialmente das manifestações poéticas e da literatura de uma maneira mais ampla. As telas de computadores, com textos curtos e simples, de pouca expressão literária e pobre em representação da língua portuguesa como identidade cultural brasileira, têm substituído as páginas de livros. Até mesmo “sites” e “blogs” da imprensa e de instituições de respeito estão perdendo espaço para esse conteúdo de extremo reducionismo do ato de ler e escrever.

Portanto, diante dessa realidade que sufoca os artistas, a atitude de Genildo Costa é de um valentia incomparável. Ele é um "soldado de Stalingrado" defendendo a literatura. E merece todo o reconhecimento.

domingo, 7 de agosto de 2011

"DEUS ME DEU EM DOBRO!", DIZIA O CARPINTEIRO


Manoel de Marina
Numa manhã de 25 de dezembro, o pároco local, conduzindo a celebração fúnebre ante o caixão do tradicional morador de Areia Branca, perguntou se algum dos presentes teria algo a dizer em testemunho da vida daquele cristão ora falecido. Marcondes, um de seus filhos, apresentou-se e contou que o pai falava sempre que tinha recebido em dobro o que pedira a Deus.
O fato aconteceu em 2008 e faz parte da biografia do conhecido Carpinteiro Naval areia-branquense Manoel de Marina, cujo nome de batismo é Manoel Lino de Mendonça. De maneira poética, uma peculiaridade sua, ele contava aos filhos e aos amigos mais próximos que, no início de sua carreira, teve dificuldades de ser reconhecido como carpinteiro. Diante daquela situação, numa noite qualquer da semana, no bequinho de sua casa, sentado em sua antiga cadeira de balanço, mirou as estrelas, o céu sem nuvens, e rogou a Deus que as pessoas o reconhecessem como um bom profissional. Pediu ao Criador o reconhecimento do seu trabalho. Não suplicou por dinheiro nem por fama, tampouco por prazeres e vaidades.

Recorte do jornal O Poti,
de 21/04/1985
Cerca de 30 anos depois, no início de 1985, já estabelecido como extraordinário artífice naval e considerado por muitos o melhor carpinteiro de Areia Branca e da região, o velho Manoel recebeu a visita do norte-americano John Patrick Sarsfield, famoso engenheiro e historiador marítimo, especializado em caravelas portuguesas e construtor da réplica da Caravela Niña, do navegador Cristóvão Colombo. O cientista estadunidense pesquisava sobre técnicas antigas de construção naval no Nordeste Brasileiro e, ao ver aquele homem, que sequer havia terminado os estudos de primeiro grau, fazer projetos de engenharia e construir embarcações, ficou impressionado.  E logo se espantou ao saber em seguida que nosso mestre da carpintaria havia aprendido sozinho, no livro Arte Naval, da Marinha do Brasil, a estrutura e a arquitetura de navios. Era um autodidata.
Dias mais tarde, no domingo, 21 de abril de 1985, Manoel Lino se surpreendeu quando leu, no jornal natalense O Poti, uma nota de 27 linhas, contando-se com o título, em que se dizia que ele, o simples carpinteiro de uma pequena cidade do litoral norte-rio-grandense, era “... considerado um projetista e construtor de barcos, de nível internacional... um gênio, perdido em Areia Branca...”. Para quem é acostumado à fama e a ver seu nome estampado na imprensa, não haveria nada de excepcional nisso. Mas, para aquele humilde trabalhador, foi a coroação de sua vida profissional.
À noite, nesse dito domingo, no mesmo bequinho, e na cadeira de balanço, o carpinteiro olhou novamente o céu estrelado, como havia feito 30 anos atrás, e falou pela primeira vez: Deus me deu em dobro!

* Este artigo, de nossa autoria, foi publicado hoje (07/08/2011) no Blog Costa Branca News.


sexta-feira, 5 de agosto de 2011

O PESO PESADO DO VOTO EM BRANCO EM AREIA BRANCA

* Artigo de nossa autoria publica no Blog Costa Branca News em 12 de outubro de 2010.


O resultado das Eleições 2010 no âmbito de Areia Branca nos revela, logo à primeira vista, que o percentual de votos em branco merece uma análise cuidadosa. E mais que isso, levando-se em conta que, entre candidatos a deputado federal e estadual, somente 8 nomes conseguiram superar esse tipo de manifestação do eleitor, sendo a maioria das candidaturas derrotadas pela “votação branca”, a Classe Política Local se vê obrigada a dar ao fenômeno essa atenção especial.

Para Deputado Federal, 1.201 eleitores areia-branquenses votaram em branco, quantidade inferior apenas à de Sandra Rosado, Betinho Rosado, Fábio Faria e João Maia. Para a Assembleia Legislativa, Larissa Rosado, Dr. Leonardo Nogueira, George Soares e Dibson Nasser foram os únicos a superar os 954 votos brancos em Areia Branca. Ainda, fazendo-se um exame em relação aos postulantes ao Governo do Estado e ao Senado, percebe-se também a vitória do “sufrágio branco” areia-branquense sobre a maior parte dos candidatos.

Ao invés de serem tidos unicamente como uma parcela da votação que será desconsiderada para classificar os candidatos, os votos em branco são o grito de parte do eleitorado dizendo que, no processo eleitoral, não surgiu alguém que reunisse, em si, qualidades e condições para representá-lo e simbolizar a sociedade onde está inserido. Diferentemente do voto nulo, que pode resultar do simples erro do eleitor ao tentar manipular a urna eletrônica, o “sufrágio branco” é uma manifestação objetiva e direta de que nenhum dos postulantes possui requisitos suficientes para lançar-se como uma opção eleitoral; que nenhum deles tem atributos para constitui-se como um candidato. O voto em branco é, portanto, o voto em ninguém.

Logicamente que, por essa ótica, não se pode dizer que o candidato que obteve votação inferior aos votos brancos cometeu erros de estratégia, de marketing, de escolha de cabos eleitorais, ou mesmo que tenha perdido para si mesmo, porque, pelo que representa o voto branco, esse postulante não reuniu caracteres para qualificar-se sequer como candidato. Perder a eleição para “o sufrágio branco” é, então, perder para ninguém. É ser derrotado por “um nada”.

Voltando-se outra vez para o “mundo areia-branquense”, faz-se necessário destacar que a discussão em torno do “voto em branco” assume um caráter emergencial, visto que a comparação dos números da Eleição de 2006 com a atual mostra que o percentual desse tipo de opção eleitoral aumentou em relação a todos os cargos. É um sinal de alerta aos Políticos onde o cidadão da “ilha do sal” está pedindo um melhor tratamento.

Por derradeiro, é importante, ainda, deixar claro que não se fez aqui uma análise cuidadosa da questão. Quem se vê obrigada e deve dedicar-se a dar ao problema esse tipo de cuidado especial é a Classe Política areia-branquense, que é a única diretamente afetada pelo fenômeno do “voto em ninguém”. E é bom começar logo ou, então, o peso pesado do “sufrágio branco” continuará afundando mais, e mais, candidaturas no chão encantado da Terra das Areias Brancas.

domingo, 31 de julho de 2011

VIVA A MANOEL FÉLIX DO VALE, ESSE NOBRE MARINHEIRO !

* Artigo nosso publicado hoje (31/07/2011)  no Blog Costa Branca News (www.costabrancanews.com)
 
Suposta Imagem original  de   N.  S. dos
Navegantes, recentemente  encontrada
em Ponta do Mel
A grande importância das Festividades de Nossa Senhora dos Navegantes este ano em Areia Branca não se resumem ao fato de ser a comemoração de seu Centenário. Vai muito mais além. É que esta festa nasceu do povo.

Não foram Conselhos Eclesiásticos ou nenhuma outra autoridade religiosa que inspiraram o evento, mas a fé de um marítimo-maquinista, homem da gente areia-branquense, chamado Manoel Félix do Vale, que, em maio de 1911, mergulhou em águas bravias para cortar uma corda enroscada na hélice do Vapor Assu, que rebocava a embarcação “Sucesso” de Areia Branca à Cidade do Recife, comprometendo-se consigo e com Deus, caso triunfasse, a comprar uma imagem de Nossa Senhora dos Navegantes para, todos os anos, realizar uma procissão no Rio Ivipanim. O ato heróico salvou os barcos, sua própria vida e a de todos os tripulantes. E ele, ao retornar, deu início ao cumprimento da promessa.
Contudo, houve muitas pedras na trajetória histórica da celebração à Virgem dos Navegantes areia-branquense até que se tornasse o esplendor que é hoje. Fala-se que a idéia de um cortejo marítimo de veneração à Santa dos Marinheiros não foi bem aceita pelo Clero local que, naturalmente, influenciava o pensamento dos representantes político-administrativos da época. E isso, certamente, deve ter sido um dos mais importantes fatores que tornaram muito difícil sustentar a penitência.
 
Procissão na época de barcos à vela e nos tempos de hoje
A dificuldade de manter seu compromisso com a Senhora dos Marítimos talvez tenha sido uma das razões do Marujo Félix ter-se ido de Areia Branca, deixando aqui a Imagem, que, posteriormente, foi levada para Ponta do Mel por seus familiares. Mas, apesar de todos os obstáculos e intempéries, e a exemplo de toda fé que nasce do seio popular, como aconteceu com as “Crianças de Fátima” em Portugal, com Joana D’Arc na França e com tantos outros, a profissão de fé dum marinheiro se transformou em identidade religiosa do povo areia-branquense, fundindo-se, logo, à sua cultura e à sua tradição.
Por isso é que a Celebração deste ano é tão importante. É um Centenário que relembra o jeito de crer de uma gente e sua maneira de demonstrar gratidão a Deus e aos Santos.  E se não fosse assim, uma festa de fé popular, provavelmente, poderiam passar cem, duzentos... mil anos e poucos se importariam com ela. Então, digamos Viva a Manoel Félix do Vale, esse nobre marinheiro, e a Nossa Senhora dos Navegantes, de Areia Branca!

sexta-feira, 29 de julho de 2011

O MEMORIALISMO DE JAIRO JOSINO DE MEDEIROS

* Artigo de nossa autoria publicado no Blog Costa Branca News em 16 de janeiro de 2011.



Escritor Jairo Josino de Medeiros
Ontem, sexta-feira, 14/01/2011, houve o lançamento, em Areia Branca, do livro Silhuetas do Tempo, do prático, político, escritor e intelectual Jairo Josino de Medeiros, cearense de nascimento e areia-branquense por amor à Terra do Sal. Tive a oportunidade e a honra de ler esse belo trabalho antes de ser lançado oficialmente. Meu grande amigo, o sindicalista, e também gênio e intelectual, Chico Ventura, que foi uma espécie de braço direito do escritor na organização da cerimônia na Câmara Municipal, concedeu-me temporariamente uma cópia da obra há três dias.

É mais um livro que aborda o passado da Cidade e enquadra-se num estilo comumente denominado de “memorialista” que, com naturalidade, vem sempre acoplado a uma pitada de saudosismo. Mas, em Silhuetas do Tempo há um diferencial: os textos são predominantemente “realistas”. Haveria neles um quer que seja de “saudosismo real”. Ou de “realismo saudoso”. Talvez, uma mescla dos dois. O fato é que Jairo tratou de falar sobre as personalidades e o passado de Areia Branca de uma maneira clara, direta e objetiva. Ele evitou, na maioria das vezes, que o sentimentalismo alimentado pela saudade da romântica cidadezinha de antigamente se sobrepusesse ao “mundo existencial” daqueles tempos. Seria um retrato muito próximo da verdade real. Mesmo nas poucas vezes em que, como todo areia-branquense apaixonado pelo seu chão salitrado, cedeu à emoção, o escritor não deixou de marcar com “ferro quente” o seu “estilo racional”, detalhe que se pode notar bem neste trecho da página 120: “... Tudo me lembra Areia Branca. O Clima, o vento quente das salinas, o ‘Beco do Carago’, a igreja, o ‘Campo da Saudade’, vizinho ao Cemitério – este depósito de tantos amigos e de tantos vermes...”.
 
CAPA LIVRO E isso não é tudo. Como diferencial, Silhuetas do Tempo consegue ainda dar um passo mais adiante. Com o mesmo tom de realismo e praticidade, exatamente com a mesma categoria, Josino nos conta sobre a vida das mais importantes personalidades da história areia-branquense e fala também sobre as pequenas lendas e o modo de ser de pescadores, como Leôncio Fonseca e Neco Pançudo. Ele cuida, portanto, de uma Areia Branca Universal, de ricos e de pobres, de famosos e de desconhecidos... de uma cidade indivisível. Quando entende que tem que tecer elogios, utiliza-se de palavras “secas” e diretas, sem ornamentos. Quando precisa criticar, não ameniza. Sua balança tem o mesmo peso. Ele usa sempre a mesma arma e munição.

Portanto, para os areia-branquenses mais jovens que quiserem saber como era, de fato, a Cidade em épocas distantes, o memorialismo de Silhuetas do Tempo, que considero uma das melhores obras do gênero em Areia Branca, é uma escolha formidável. É também uma excelente opção para “forasteiros” que desejarem aprender sobre a Nossa Ilha. Apenas advirto a eles, os de outras bandas, sobre o risco de acabarem morrendo de amores pelo povo, pelas águas, pelos ares e pelos solos salitrados que se encontram por aqui, porque, como bem destaca Jairo Josino, “A terra que dá o sal se entranha de tal maneira na vida da gente que, quando você mal percebe, está apaixonado por ela”. E que coisa boa é saber que, desse perigo, eu estou livre! É que já nasci areia-branquense e, no mesmo instante, também enamorado por este lugar... e foi assim mesmo... logo ali... na Maternidade Sarah Kubitschek.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

A INTERIORIZAÇÃO DA VIOLÊNCIA: UMA AMEAÇA A AREIA BRANCA E À "COSTA DO SAL"


* Artigo de nossa autoria publicado no Blog Costa Branca News em 2 de fevereiro de 2011.


O Mapa da Violência 2010, um estudo realizado pelo Instituto Sangari (in: http://www.institutosangari.org.br/mapadaviolencia/), revela, entre outros desenlaces, que está havendo um fenômeno de Interiorização da Violência.

O trabalho é uma pesquisa que analisa os índices de homicídios nos municípios brasileiros de 1997 a 2007. É claro que a apreciação do tema Violência envolve inúmeros outros fatores, mas um estudo como esse, ainda que examine apenas informações sobre mortes por homicídio, tem um peso significativo na discussão do assunto e, dificilmente, poderá ser desconsiderado como um ponto de referência.

O dado que mais chama atenção nesse Mapa 2010 é que o pólo de crescimento da violência passou a concentrar-se no interior dos estados. Nas grandes capitais e regiões metropolitanas, observa-se estagnação e queda dos índices. De 1997 a 2007, as taxas de homicídios caíram de 45,7 por cem mil habitantes para 36,6 nas capitais e de 48,4 para 36,6 nas regiões metropolitanas. No Interior dos Estados, houve elevação de 13,6 homicídios por cem mil habitantes para 18,5 no mesmo período. É bom que se atente para o fato de que isso não indica que os números e índices de violência nas capitais e grandes aglomerações metropolitanas são menores que nas cidades interioranas, senão que, como está explícito no início do parágrafo, o crescimento das taxas de homicídios é que converge, agora, para o Interior dos Estados.

Entre as várias razões da migração desse crescimento, uma tem interesse especial para Areia Branca: é o surgimento de centros de desenvolvimento econômico em cidades do interior, que se tornam atraentes para investimentos, mas que atraem, também, a criminalidade. Nossa Cidade e os outros municípios da “Costa do Sal”, por serem terras de grandes potencialidades turísticas e econômicas devido ao imenso litoral, às indústrias salineira, do petróleo e do setor pesqueiro, e outros, podem estourar, não duvidem, a qualquer momento, como a região de maior influência na economia do Rio Grande do Norte. E no meio desse “boom”, igualmente não tenham dúvida, virá o crescimento da violência.

Diante dessa tenebrosa perspectiva, da visível ausência de modernos esquemas de proteção do Estado nas pequenas cidades do Interior e visto que, desde a instituição do Plano Nacional de Segurança em 1999 e do Fundo Nacional de Segurança em 2001, as prioridades são as capitais e as grandes cidades, há que se pensar, planejar e implantar, agora, um programa de segurança para Areia Branca. Nos noticiários, já se pode notar os primeiros sinais do aumento da criminalidade na Região. Por isso, não é mais aceitável tardar em tomar-se uma atitude. Certo é que providências pontuais até foram empregadas, como a tentativa de instalação de uma barreira policial na entrada da Cidade que, embora não tenham sido revelados dados estatísticos, enquanto funcionou, deve ter realmente contribuído para a diminuição dos crimes. No entanto, crer em que um ato isolado como esse pode resolver o problema da violência em Areia Branca é um pensamento reducionista para uma questão muito mais complexa do que se pode imaginar.

Portanto, a solução envolve uma estruturação mais ampla das medidas, como acontece, por exemplo, em relação ao Turismo, onde há até mesmo uma associação de municípios: o Pólo de Turismo Costa Branca. Mas, obviamente, o detalhamento de um plano como esse é um tipo de debate que já extrapola a esfera deste mero artigo. É uma tarefa que fica a cargo de gestores, políticos, autoridades e especialista no tema. ... E, enquanto isso, nossa Cidade por eles espera...

UM FUTURO DIFÍCIL PARA AS OPOSIÇÕES EM AREIA BRANCA

*Artigo de nossa autoria publicado no Blog Costa Branca News em 18 de abril de 2011.



O acúmulo de derrotas nos últimos pleitos majoritários é um prenúncio de que tempos muitos difíceis virão para as oposições areia-branquenses. Isso é uma evidência que não se pode negar, porque, de fato, quatros fracassos consecutivos não acontecem à toa.

União de Souza e Bruno decretou falência do
Sistema Oposicionista
Essa realidade é o resultado do frágil contrapeso dos oposicionistas, assentados em métodos ultrapassados de fazer política e de governar, de encontro ao rolo compressor da eficiência político-administrativa do atual grupo que detém o poder.

Tudo começou há cerca de 14 anos, quando o “Brunismo” deu início a uma nova forma de administrar até então desconhecida pelos areia-branquenses. E, depois, o recém-nascido estilo de gerir foi e tem sido ampliado, modernizado e aperfeiçoado nesses 6 anos de “Souzismo”.

Os governistas descentralizaram a gestão, delegando poderes a gerentes e coordenadores, que levaram os benefícios dos programas sociais do governo municipal diretamente à população, sem que houvesse interferência de lideranças locais. Assim, foi eliminada a antiga dependência da administração central em relação aos chefes políticos localistas, principalmente nas áreas rurais, onde as oposições eram mais fortes. A administração saiu dos gabinetes e foi até o povo, que sentiu orgulho de ser lembrado e valorizado, além receber, diretamente das mãos do Poder Público, as benfeitorias a que tinha direito e nunca havia recebido.

Centro de Educação Infantil Luiz Breno
 Escolas, creches, unidades de saúde e complexos esportivos foram construídos, restaurados e modernizados, diminuindo cada vez mais a necessidade de deslocamento à sede do município dos moradores da zona rural. No centro da cidade, as unidades de saúde passaram a contar com médicos e outros profissionais especialistas em diversas áreas. Todos esses eram fatos inimagináveis em Areia Branca quando as atuais oposições detinham o comando.

A administração municipal bateu à porta das pessoas com Programas de Saúde da Família, buscando descobrir os problemas antes que se agravassem e saíssem da esfera das Ações Preventivas. Do mesmo modo, “entrou-se nas salas de aula” com Programas de Saúde na Escola. O povo não precisou mais ir até o governo, porque este se instalou dentro de suas escolas e de sua própria casa para ajudá-lo. E eliminou-se, dessa maneira, a figura do antiquado político localista dos anos 80 e início dos 90 do século passado, que prestava assistência social às antigas populações desamparadas como forma de obter prestígio popular.  

Retomada das obras do Hospital Sarah depende de liberação
de verba do Governo do Estado 
No tocante à “saúde curativa”, a demora do Governo do Estado em dar sua contrapartida para concluir as obras do Hospital Sarah Kubitschek atinge diretamente as oposições areia-branquenses, que são representantes da gestão estadual na cidade. O fato realmente tem causado um desgaste adicional para os oposicionistas e, embora a contraparte do Poder Estadual possa alavancar ainda mais a popularidade do governo municipal, se ela não vier, o desgaste em questão poderá se converter no primeiro passo para a completa digestão das oposições em Areia Branca.

Lançamento da pedra fundamental do
Centro Cultural Miramar
A política salarial do governo atual, que não registra em seu histórico um mês sequer de atraso, fortaleceu o comércio local, que passou a ter confiança para oferecer crédito aos areia-branquenses. O contraste de pagar os salários dentro do mês trabalhado, que acontece nos dias de hoje, em relação aos cerca de 11 meses de atraso de pagamentos no final 1996, quando as oposições ainda estavam no poder, mostra o quão distante está o bloco governista para ser alcançado e ameaçado de perder o comando. O servidor público e a população em geral já não aceitam ter seus direitos desrespeitados e, certamente, não quererão devolver o poder a quem não lhes deu valor. O povo, faz tempo, deixou de ser ingênuo.

Numa demonstração de coragem, em meio a uma crise econômica que atingiu o mundo inteiro, o município implantou políticas habitacionais, muitas delas com recursos próprios, que resultaram na construção de aproximadamente 600 moradias. Mais uma vez, o governo não esperou por reclames nem recorreu à intermediação de lideranças localistas. Fez o contato diretamente com as populações carentes, oferecendo-lhes a oportunidade de ter sua casa própria.


Carnaval de Areia Branca, o maior do Estado
 O discurso das oposições é neutralizado em todos os setores pelos resultados das ações governamentais. Por exemplo, a cobrança da reconstrução do Cine Miramar, como forma de resgatar a cultura areia-branquense, perde o senso lógico, quando se sabe que, na época do governo das oposições, o cinema já estava condenado a desmoronar e nada foi feito. Também, naquele tempo, não se via em Areia Branca nenhuma ação de governo de incentivo à cultura popular, como se vê, na atualidade, nos Festivais de Teatro e de Músicas que, no ano passado, fizeram com que grupos de cultura locais ganhassem prêmios em nível nacional, levando o areia-branquense a orgulhar-se de sua Terra em qualquer lugar do país. Ainda, nos 20 anos de administração das oposições, era triste ver o povo carente, durante o carnaval, ficar parado do lado de fora do Ivipanim Clube, escutando as marchinhas de carnaval tocadas somente para as elites, que podiam pagar o ingresso. O governo de hoje levou o carnaval para as ruas e qualquer cidadão pode dançar ao som de bandas de renome, sem ter que gastar um centavo. Isso não foi tudo, o novo carnaval se converteu em mais uma oportunidade de trabalho para pessoas comuns e de investimentos para o empresariado. A cidade hoje é conhecida como palco do maior carnaval do Estado.
  
Devido a dois afastamentos dos governistas por decisões judiciais, um na segunda gestão de Bruno e, outro, na primeira de Souza, as oposições tiveram a chance de frear o rolo compressor do Souza-Brunismo. Não puderam ou não souberam. E os maus resultados dessas duas oportunidades em que os oposicionistas assumiram o poder foram o maior “cabo eleitoral” para as vitórias de Souza nas últimas duas eleições municipais. O povo não pôde deixar de comparar os dois blocos políticos e fez a sua escolha.

Oposições em Areia Branca
Enfim, levando-se em conta que manter a eficiência da máquina administrativa, cumprir as obrigações legais, fiscais e salariais não vão além de uma obrigação do poder público, não resta dúvida que um governo moderno é julgado pela capacidade de oferecer e aumentar, de maneira eficiente, as oportunidades de acesso da população à Educação, à Saúde, à Cultura e à Segurança. E a realidade local nos mostra que, há muito tempo, os governistas assumiram a vanguarda desse processo. Assim, vê-se que a estrada das oposições areia-branquenses para retomar o poder se encontra recheada de obstáculos quase intransponíveis. Como conseqüência, há a necessidade de refazer caminhos. E, para isso, os oposicionistas têm que marcar posição para que exista um ponto referencial de onde se vai partir. E o primeiro passo seria a auto-avaliação e o reconhecimento de que estão derrotados. Não é aceitável que se perca quatro eleições consecutivas e, cada um, individualmente, queira-se acomodar e viver de glórias do passado, colocando a culpa do fracasso no companheiro. É preciso demarcar o terreno que restou e daí elaborar um projeto que supere a inegável eficiência político-administrativa do governismo e o carisma de seus líderes. É crucial criar propostas que possam retomar a vanguarda do processo de desenvolvimento no município. E o mais difícil, e quase impossível, é que se tem, a todo custo, que fazer com que o povo acredite em todos esses planos, ainda que eles estejam saindo de um grupo que já esteve mais de vinte anos no poder e nunca tenha elaborado nem realizado nada dessa natureza. Fazer tudo isso, portanto, é absolutamente necessário, pois, caso contrário, as oposições areia-branquenses correm o risco de, no difícil caminho de volta ao poder, afundarem-se na areia movediça de seus próprios desencontros e desaparecerem para sempre.


terça-feira, 26 de julho de 2011

EM FASE DE TESTE

Webleitores,


O Blog ainda continua em fase de construção e testes. Por enquanto, estamos postando somente textos nossos que já foram publicados em Blogs jornalísticos.


Um abraço.

A INDÚSTRIA SALINEIRA E O FUTURO DE AREIA BRANCA

*Artigo de nossa autoria publicado no Blog Costa Branca News (www.costabrancanews.com) em 26 de janeiro de 2011.


As constantes oscilações, entre crise e prosperidade, da indústria salineira do Rio Grande do Norte são uma séria ameaça à economia de Areia Branca. A situação, na verdade, é de alto risco. 

A cidade sempre teve seu desenvolvimento ligado à cadeia de produção do sal. Tanto as primeiras barcaças de madeira e propulsionadas a vela como os modernos navios de agora, com avançadas tecnologias, vieram para cá não por outro motivo senão para atender a uma necessidade do comercio salineiro. Pela mesma razão é que foi construído o Porto Ilha e que ainda existe aqui uma filial da Companhia Docas do Rio Grande do Norte (CODERN). Somente a Norte Salineira Indústria e Comércio (NORSAL) emprega quase 1000 pessoas, para não citar números doutras empresas do mesmo setor e também daquelas da área de transporte marítimo. Todas elas, conjuntamente, entre empregos diretos e indiretos, sem nenhum exagero, aumentam aquele número de 1000 em quase dez vezes. Como conseqüência, diversas profissões e atividades locais, ligadas ao comércio e aos serviços, estão relacionadas ao sistema produtivo do sal. Areia Branca não seria como é, e nem pode ser, se não fosse, e se não é, o sal que brota de suas terras e que resulta da evaporação de suas águas.

Assim, os diversos fatores que afetam séria e diretamente a Indústria Salineira do Estado podem provocar um estrago na economia areia-branquense, dependendo da intensidade com que venham a apresentar-se. E quatro deles merecem destaque. 

O primeiro está relacionado aos períodos de vazão contínua da Barragem de Santa Cruz no município de Apodi, que provoca a queda da salinidade do estuário do rio Mossoró, levando a necessidade de captação de uma maior quantidade água para produção de sal, com maior tempo para evaporação e conseqüente aumento nos custos de produção. Se isso já é um problema, uma provável transposição do rio São Francisco para o Rio Apodi-Mossoró não apenas tornará a situação caótica, como acabará com a excelência da qualidade do nosso sal.

O segundo ponto a ser destacado é o baixo preço do produto. Para ter-se uma idéia, em 1994, quando o plano Real foi implantado, o valor de oferta do sal moído em unidades de 25 kg era de aproximadamente R$ 2,08 e o do litro da gasolina era menos de R$ 1,00. Nos últimos anos,  o preço do sal já esteve abaixo de R$ 2,00 e o litro da gasolina se aproxima dos R$ 3,00.

O terceiro item a ser lembrado é a entrada do sal chileno no Brasil. O produto chega isento de taxas e impostos, como conseqüência de acordos do MERCOSUL. Navios chilenos que vêm para nosso país buscar minério de ferro trazem o sal sem custo de frete, pagando somente pelo combustível. Dessa forma, apesar de vir de mais longe, chega com preço mais barato, provocando prejuízos à Indústria Salineira Potiguar. O mais sério é que a importação do sal chileno vem aumentando a cada ano. Em 2002, era de 53 mil toneladas e, em 2009, chegou a cerca de 700 mil, que é mais de 10% da produção nacional. Nesse mesmo ano, somente o porto de Paranaguá/PR, que havia importado do Chile 116 mil toneladas em 2008, importou aproximadamente 170 mil, um aumento de mais ou menos 46%.

O derradeiro fator é a famoso petróleo da camada pré-sal. Toda a expectativa gerada em torno da notícia dessa descoberta já começou a chamar atenção para investimentos, o que, inevitavelmente, fará com que a modernização dos portos e da logística do transporte do sal potiguar não tenha prioridade.

Mas, enfim, ante esse complexo quadro que ameaça a estabilidade econômica de Areia Branca, o que se pode apontar como alternativa? A utilização do Porto Ilha para exportação de outros minérios e de outros produtos, como frutas? O desenvolvimento de outro tipo de indústria, como a do beneficiamento do caju? O investimento na estruturação do turismo? A modernização do setor pesqueiro? A verdade é que nada disso, isoladamente, constitui-se como uma boa opção. Há a necessidade de um projeto de desenvolvimento que englobe vários setores e diminua essa excessiva dependência da Indústria Salineira. Nosso futuro está à mercê disso.

E como seria, então, um projeto como esse? Muito bem... Muito bem eu diria que esse é um tema para uma outra discussão e, também, para os cidadãos de altas posições hierárquicas do município... para as nossas autoridades, especialmente aquelas ligadas à área salineira e de transporte marítimo. Afinal, sou apenas mais um areia-branquense comum, e mortal, no meio de todos os outros.