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sexta-feira, 29 de julho de 2011

O MEMORIALISMO DE JAIRO JOSINO DE MEDEIROS

* Artigo de nossa autoria publicado no Blog Costa Branca News em 16 de janeiro de 2011.



Escritor Jairo Josino de Medeiros
Ontem, sexta-feira, 14/01/2011, houve o lançamento, em Areia Branca, do livro Silhuetas do Tempo, do prático, político, escritor e intelectual Jairo Josino de Medeiros, cearense de nascimento e areia-branquense por amor à Terra do Sal. Tive a oportunidade e a honra de ler esse belo trabalho antes de ser lançado oficialmente. Meu grande amigo, o sindicalista, e também gênio e intelectual, Chico Ventura, que foi uma espécie de braço direito do escritor na organização da cerimônia na Câmara Municipal, concedeu-me temporariamente uma cópia da obra há três dias.

É mais um livro que aborda o passado da Cidade e enquadra-se num estilo comumente denominado de “memorialista” que, com naturalidade, vem sempre acoplado a uma pitada de saudosismo. Mas, em Silhuetas do Tempo há um diferencial: os textos são predominantemente “realistas”. Haveria neles um quer que seja de “saudosismo real”. Ou de “realismo saudoso”. Talvez, uma mescla dos dois. O fato é que Jairo tratou de falar sobre as personalidades e o passado de Areia Branca de uma maneira clara, direta e objetiva. Ele evitou, na maioria das vezes, que o sentimentalismo alimentado pela saudade da romântica cidadezinha de antigamente se sobrepusesse ao “mundo existencial” daqueles tempos. Seria um retrato muito próximo da verdade real. Mesmo nas poucas vezes em que, como todo areia-branquense apaixonado pelo seu chão salitrado, cedeu à emoção, o escritor não deixou de marcar com “ferro quente” o seu “estilo racional”, detalhe que se pode notar bem neste trecho da página 120: “... Tudo me lembra Areia Branca. O Clima, o vento quente das salinas, o ‘Beco do Carago’, a igreja, o ‘Campo da Saudade’, vizinho ao Cemitério – este depósito de tantos amigos e de tantos vermes...”.
 
CAPA LIVRO E isso não é tudo. Como diferencial, Silhuetas do Tempo consegue ainda dar um passo mais adiante. Com o mesmo tom de realismo e praticidade, exatamente com a mesma categoria, Josino nos conta sobre a vida das mais importantes personalidades da história areia-branquense e fala também sobre as pequenas lendas e o modo de ser de pescadores, como Leôncio Fonseca e Neco Pançudo. Ele cuida, portanto, de uma Areia Branca Universal, de ricos e de pobres, de famosos e de desconhecidos... de uma cidade indivisível. Quando entende que tem que tecer elogios, utiliza-se de palavras “secas” e diretas, sem ornamentos. Quando precisa criticar, não ameniza. Sua balança tem o mesmo peso. Ele usa sempre a mesma arma e munição.

Portanto, para os areia-branquenses mais jovens que quiserem saber como era, de fato, a Cidade em épocas distantes, o memorialismo de Silhuetas do Tempo, que considero uma das melhores obras do gênero em Areia Branca, é uma escolha formidável. É também uma excelente opção para “forasteiros” que desejarem aprender sobre a Nossa Ilha. Apenas advirto a eles, os de outras bandas, sobre o risco de acabarem morrendo de amores pelo povo, pelas águas, pelos ares e pelos solos salitrados que se encontram por aqui, porque, como bem destaca Jairo Josino, “A terra que dá o sal se entranha de tal maneira na vida da gente que, quando você mal percebe, está apaixonado por ela”. E que coisa boa é saber que, desse perigo, eu estou livre! É que já nasci areia-branquense e, no mesmo instante, também enamorado por este lugar... e foi assim mesmo... logo ali... na Maternidade Sarah Kubitschek.

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