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terça-feira, 27 de setembro de 2011

O MEMORIALISMO COMO NEGAÇÃO AO ENVELHECIMENTO


A literatura memorialista tem a tendência de recriar o passado como uma época melhor que a de hoje. E não haveria nenhum problema nisso se, praticamente, em todas as vezes, não fosse dito que o mundo de agora é sempre pior que o de antigamente.
Não se pode afirmar que tudo antes era melhor, simplesmente, porque um saudosismo profundo tomou conta de nossa alma, sobretudo quando, a todo instante, salta aos nossos olhos que os novos tempos é que transformaram a vida da humanidade, deixando-a melhor. Hoje as expectativas de vida são maiores, a mortalidade infantil, progressivamente, atinge níveis cada vez mais baixos, os meios de transporte e comunicações chegaram a um estágio tecnológico nunca antes imaginado e a medicina consegue curar inúmeras doenças que já foram uma condenação à morte. Mulheres, negros e grupos sociais, antes vítimas de preconceitos, jamais tiveram um grau tão alto de participação na cidadania e em todas as áreas da sociedade como agora.
Note-se que a pobreza sempre foi pobre, a violência, violenta e os solitários, sozinhos. Também, a tristeza nunca deixou de ser triste. Assim, temos que estabelecer parâmetros e fazer uma comparação fundamentada e racional antes de dar um veredicto e sentenciar o mundo do presente a ter o rótulo eterno de tempo ruim, pois, é fato evidente que, atualmente, tudo se nos revela melhor. E a única coisa que nos parece diferente disso somos nós mesmos, que envelhecemos. O envelhecimento, ou melhor, o seu efeito sobre nossas vidas, e sobre nossa própria estrutura organo-físico-química e psicossocial, tomando conta de nós, é que nos faz auto-avaliarmos como seres piores do que éramos antigamente. E isso nos toca agudamente sempre que lembramos e relembramos que o tempo não regressa e, por isso, de fato, nunca mais poderemos voltar a ser criança.
Portanto, memoriar é recordar épocas boas de quando éramos jovens e, simultaneamente, saber que tudo também teria sido bom, se tivéssemos vivido nossa juventude agora. É entender que querer voltar no tempo e não poder é um conflito psíquico que nos infringiria do mesmo jeito, se nossa velhice tivesse acontecido em nossos tempos de menino. Todos nós temos que nos adaptar às novas realidades de cada fase da vida para melhor aceitá-las. E sendo assim,  o envelhecimento é uma questão que devemos resolver conosco, de nós para nós mesmos, e deixar de colocar a culpa de tudo no mundo de hoje.

domingo, 11 de setembro de 2011

A POLITÍSSIMA DUALIDADE

As atuais oposições areia-branquenses dominaram a política local durante quatro mandatos consecutivos até que, em 1996, uma dupla apareceu para pôr um fim a dezoito anos dessa supremacia e dar início a um novo tempo. Era a vez de Souza e Bruno.

Desde então, na história política de Areia Branca, esses dois nomes vêm ocupando as posições de maior destaque. Bruno foi duas vezes prefeito e, agora, é vice de Souza. E este foi duas vezes vice de Bruno e, atualmente, está no segundo mandato como chefe do executivo municipal. Os bacuraus já não têm uma só cor. É que, entre eles, quem não é Souzista, é Brunista. Quem não veste amarelo, veste verde. Vive-se um dualismo.

O bacurau, portanto, deixou de existir como uma figura holística. Houve uma bipartição que gerou duas correntes dominantes e claramente perceptíveis no bloco governista: o Souzismo e o Brunismo. É certo que existem também alguns grupos pequenos, mas todos são agregados a um ou a outro desses sistemas maiores. O fato é tão evidente que se pode dizer que o eleitor não tem dado importância a qual sigla partidária têm pertencido esses dois líderes. E eles teriam vencido as últimas quatro eleições independentemente do partido a que estivessem filiados. Bruno, certamente, não teria perdido se não fosse do PMDB e, muito menos, Souza, se não fosse do PP. Os bacuraus de agora não votam mais em partido.

Não se está tratando aqui de falar de uma diarquia. Fala-se de uma preferência popular, pois tudo isso, na verdade, foi uma escolha do povo. Foi ele quem quis que fosse dessa forma. E continua querendo. Hoje o cidadão areia-branquense não consegue vislumbrar um comando situacionista em que não haja, nitidamente, um nome que represente Souza e outro, Bruno. E é exatamente por essa razão que os dois se têm mantido firmes na formação desse dueto vencedor. Como homens inteligentes, perceberam precocemente essa realidade. E não fizeram nada além de cumprir uma exigência da Política, que só se permite conduzir pela inteligência.

Assim sendo, no subconsciente popular do areia-branquense, não se vê uma candidatura de Bruno em 2012 sem um companheiro de chapa que demarque o terreno de Souza. E o inverso é verdadeiro. É uma dualidade necessária, um dogma político que os bacuraus exigem para continuar crendo que ainda podem sobreviver como um sistema uno.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

O PÔR DO SOL MAIS BONITO DO MUNDO

Pôr do Sol visto do Cais Tertuliano Fernandes em Areia Branca

Desde muito tempo, diz-se que o Pôr do Sol mais bonito do mundo é visto do Cais Tertuliano Fernandes ante os manguezais do Rio Ivipanim em Areia Branca.
Na época de ouro do comércio marítimo, trabalhadores do porto e marinheiros, na Rua da Frente, mesclavam-se com os admiradores do crepúsculo areia-branquense no final das tardes. Eram momentos de encontrar amigos, pensar na vida e apreciar os esplendores da Natureza. E assim, sob o sol poente da Terra das Salinas, nas calçadas do Cais, próximo ao antigo Tirol, muitas histórias se converteram em lendas, e estas, em histórias. Por lá, nasceram e morrem amores, comemorou-se sonhos realizados e, também, por tanto outros que não passaram de ilusões, muitas lágrimas caíram. Os passeios pela orla do Rio Ivipanim alimentaram viagens psicodélicas de boêmios, poetas e homens apaixonados. E tudo que se passava e que se via por ali era, na verdade, um retrato da gente de Areia Branca.

Antiga Praça do Pôr do Sol
E, por isso, a fama do romantismo e da beleza do arrebol vespertino areia-branquense, já naqueles tempos, estendeu-se além das fronteiras da Cidade. Virou moda passear pelo Porto à tarde. E de tal maneira isso se deu que o largo em frente do velho Tirol, até hoje, é conhecido como Praça do Pôr do Sol. De fato, poucos o conhecem como Praça Dix-Sept Rosado.
Lamentavelmente, caminhar à tardinha pela Rua da Frente, há mais de duas décadas, perdeu o charme e a elegância. Os tempos são outros. Pessoas sobrecarregadas pelo trabalho excessivo, adolescentes enamorados pelas tecnologias de informática e pela internet, e areia-branquenses novos sem o bairrismo dos mais velhos não se interessam em admirar as belezas que a Natureza deu à sua Terra. Desse modo, ao cair da noite, andar pelo Cais Tertuliano Fernandes, defronte à pracinha, é como atravessar uma planície vazia. Sente-se uma falta de tudo, de histórias e de lendas, de sonhos realizados e de ilusões, dos sorrisos e das lágrimas, e das viagens transcendentais dos boêmios, dos poetas e dos homens apaixonados.
Atual Praça do Pôr do Sol
Porém, naturalmente, o descer do astro-rei por trás dos mangues, visto do porto areia-branquense, continua lindo. E ninguém se arrependerá se, numa tarde qualquer, resolver ir ao Cais e contemplar a cena. O certo é que quem já foi vê-la, ou quem um dia for, toda vez que a vir novamente noutros lugares do Planeta, pensará, no mesmo instante, que um dia já assistiu, em Areia Branca, ao Pôr do Sol mais bonito do mundo.

domingo, 4 de setembro de 2011